O Filho Servo 22/02/2012

GARY CARPENTER
O Filho Servo
Todos nós conhecemos o famoso versículo:
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. (Mt.
6:33)
Para entender o que Jesus quis dizer com “todas estas coisas”, basta ler a passagem anterior ao versículo:
Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
(Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de
todas estas coisas. (Mt. 3:31-32)
Em palavras mais simples, Jesus estava dizendo o seguinte: “Os descrentes passam toda a vida, desde o nascimento até a morte,
preocupados principalmente com suas necessidades materiais. Eles não conhecem o Pai como Provedor, e também não se importam com Seu Reino.
Estou lhe dizendo que não deve ser como eles. Seu Pai sabe que você precisa das mesmas coisas que eles passam a vida tentando adquirir. Mas a
Minha promessa para você é que se você dedicar sua vida, em primeiro lugar, a buscar o seu lugar no Reino do Pai, pondo a vontade Dele como
prioridade, Ele mesmo se encarregará de prover todas essas coisas para você. Isso será apenas um resultado de servi-Lo em Seu Reino. Todas estas
coisas lhe serão acrescentadas”.
Que promessa! Qualquer pessoa de bom senso concordaria que prosperidade significa que Deus se encarrega de
prover todas suas necessidades materiais. Se Ele estiver tomando conta disso, qualquer um se sentiria livre para se entregar
totalmente ao Seu Reino. Eles não só teriam suas necessidades supridas, mas estariam livres para sempre dos “cuidados” de
como conseguir a provisão.
A maior dúvida das pessoas, no entanto, é: Como faço para buscar o reino de Deus? Jesus está falando de ir à Igreja
diligentemente? Ou está falando de dar mais das minhas finanças para a obra de Deus? Isso tem a ver com alimentar os
pobres? Por onde devo começar?
Jesus explica em mais detalhes como “buscar primeiro o reino de Deus” em uma passagem começando em Lucas 15:1
até Lucas 17:10. Lembre-se de que um dos primeiros princípios da verdadeira meditação na Palavra de Deus é como encontrar
o inicio de um assunto e o seu fim. Jesus ensinava assuntos por inteiro.
Cada versículo em Seus ensinos é como uma pincelada de um artista, ao pintar uma imagem completa do que Ele
quer que “vejamos” no reino de Deus; como aquilo funciona. Para entender versículos difíceis em um ensino, é de extrema
importância que meditemos na passagem inteira, a fim de que cada versículo esteja dentro do seu contexto.
Para exemplificar esse princípio, digamos que você tivesse uma pintura do Taj Mahal e quisesse enviar uma cópia a um
amigo que mora em um lugar muito distante. Imagine que esse quadro é muito grande, da largura de um sofá, que mostra não
só toda a estrutura do Taj Mahal, mas todos os jardins que o rodeiam. Então, você tira a pintura da parede e a coloca sobre
uma máquina copiadora para duplicar a imagem. No entanto, a imagem é tão grande que não cabe na tela da máquina.
Sem se dar conta desse problema, você acaba duplicando apenas uma parte da pintura, que mostra uma seção das
árvores no jardim. Junto com a cópia, você envia uma carta ao seu amigo, dizendo, “Aqui vai uma foto do Taj Mahal”. Ele,
então, pensaria, “Ah, o Taj Mahal é uma árvore”. Isso porque ele só pode ver uma pequena porção da verdadeira imagem.
O mesmo acontece em nossas mentes quando tentamos entender versículos difíceis na Palavra de Deus, sem
deixarmos que cada versículo faça parte da “imagem” completa do ensino. Assim, nosso entendimento acaba sendo limitado
e, por vezes, até mesmo errado.
Aprendi a pedir ao Espírito Santo que me mostrasse o início e fim de cada assunto ao me deparar com versículos que
não entendo. Uma vez que entendo o que é o início e o fim, posso ler a passagem inteira diversas vezes para preparar meu
espírito para a meditação “de dia e de noite”. Com esse método, todos os versículos ficam em seu respectivo contexto para
completar a imagem. Quando o entendimento vem, todos eles farão sentido dentro do assunto geral.
Essa passagem da Bíblia começa assim:
E chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E os fariseus e os escribasmurmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles. (Lc. 5:1-2)
Aqui vemos o Filho de Deus, que deixou a casa de Seu Pai (o Céu) para vir à terra em forma de homem para “cuidar
dos negócios de Seu Pai” que é “procurar e salvar os perdidos”. Para isso, era necessário que Ele se misturasse e se
relacionasse com os publicanos e pecadores.
As pessoas religiosas da época, fariseus e escribas, ficaram chocadas e aterrorizadas que alguém que se chamasse de
Filho de Deus pudesse se relacionar com pecadores. A ideia de “buscar primeiro o Reino de Deus” para eles significava ter
cuidado em seguir as tradições dos antepassados e se separar completamente dos publicanos e pecadores.
Esses dois conceitos de “buscar primeiro o Reino de Deus” são extremo opostos. Jesus o está seguindo à risca. Os
fariseus e escribas, não. Jesus, então, começa a ensinar o que significa realmente “buscar primeiro o Reino de Deus” para dar
aos fariseus e escribas a oportunidade de se arrependerem.
Esse assunto é concluído apenas em Lucas 17:10. Como um grande mestre, Jesus começa a usar palavras em forma de
parábola para pintar a imagem completa do que significa “buscar primeiro o Reino de Deus”. Cada parábola e palavra em
ilustração que Jesus usa nessa passagem deve ser entendida em seu contexto.
Levando isso em consideração, vejamos a história do Filho Pródigo. Para refrescar sua memória, leia Lucas 15:11-32.
No contexto, o Filho Pródigo representa os publicanos e pecadores. O Filho Mais Velho, que estava aborrecido com a volta
do Pródigo e a restauração da sua comunhão o Pai, representa os fariseus e escribas. Assim como eles, o Filho Mais Velho não
conhecia o coração do Pai; ele não tinha ideia de que seu Pai desejava muito o retorno do Pródigo.
Um dia, ao ler essa passagem de Lucas 15:1 a Lucas 17:10, o Espírito Santo me perguntou, “Qual seria a única forma
da atitude do Filho Mais Velho ser diferente?” Pude compreender pelas falas desse filho que ele havia servido no campo de
seu Pai por muitos anos. No entanto, a sua ênfase estava em “não transgredir nenhum mandamento”. Já que ele não sabia que
seu Pai sofria pela perda do Filho Pródigo, estava claro que ele nunca havia passado muito tempo com seu Pai. O problema
está aí: ele não conhecia o coração de seu Pai.
Respondi a pergunta do Espírito Santo, “Ele teria que ter sempre chegado em casa do campo e passado um tempo
com seu Pai”. Em minha mente, pude ver o Filho Mais Velho abandonando seu ritual de trabalho por um tempo para poder
entrar na casa do Pai com um único propósito: comunhão. Pude vê-lo afastando umas cadeiras na mesa da sala e dizendo,
“Pai, faz tempo que não nos sentamos para conversar. Será que podemos passar um tempo juntos? Quero saber o que está no
seu coração e contar-lhe o que está no meu”.
Pude ver aquele Pai, que já sofria com a perda de um filho, agora tendo a oportunidade de passar um momento de
alegria com seu Filho Mais Velho. Com o tempo, não demoraria muito para que eles tocassem no assunto do Filho Pródigo. O
Filho Mais Velho, então, descobriria que seu Pai ainda amava aquele filho e sentia muito a sua falta. O Pai lhe teria contado
que várias vezes ao dia saía na varanda para olhar para as ruas à procura do Filho Pródigo.
O Filho Mais Velho, então, pela primeira vez, estaria conhecendo seu Pai. Antes ele pensava que seu Pai estava
revoltado com o Filho Pródigo; afinal, ele havia gastado toda sua herança com prostitutas em uma vida devassa, ele havia
desonrado o nome da família com sua promiscuidade. Por saber que seu Pai não o havia criado dessa maneira, estava
aborrecido com seu irmão Pródigo e “tinha certeza” que seu Pai sentia o mesmo.
Ao continuar em comunhão, o amor no coração do Pai pelo Filho Pródigo seria transferido para o coração do Filho
Mais Velho. Ele teria dito, “Pai, não fazia ideia que você pensava assim. Não sabia que você estava sofrendo com a perda do
meu irmão Pródigo. Você quer que eu procure por ele? Talvez eu o encontre e possa lhe dizer que você ainda o ama. Posso
lhe dizer que seu coração deseja o retorno dele. Talvez ele não saiba disso, Pai. Você quer que eu busque por ele e lhe diga
sobre o seu amor?”
Posso ver os olhos do Pai brilhando de alegria com a proposta do Filho Mais Velho. Posso ouvi-lo dizendo, “Você
estaria disposto a fazer isso? É claro que quero que você procure meu filho perdido. Se você o encontrar, diga-lhe que o amo.
E se conseguir convencê-lo a voltar para casa, meu coração exultará de alegria”.
A partir de agora, referir-me-ei ao Filho Mais Velho como o Filho Servo. Ele é um filho livre, mas escolheu através do
seu livre arbítrio tornar-se um servo do seu Pai, buscando e salvando o Filho Pródigo perdido; não por compulsão, masmotivado pelo amor que foi transferido ao seu coração através da comunhão com seu Pai.
O Filho Servo imediatamente começa a organizar uma caravana de camelos e burros para carregar a provisão
necessária para a expedição de busca do filho perdido. Ele junta alguns dos servos de seu Pai para a viagem e separa
suprimentos de comida, água e outras coisas necessárias no deserto durante a busca do Pródigo.
Quando tudo está pronto para a partida, vejo o Pai saindo de casa para abraçar e beijar o Filho Servo e abençoar a
todos que estão participando da expedição de busca do filho perdido. Ao ver a caravana de longe, as emoções do Pai se
enchem de alegria com a esperança de ver seu filho perdido novamente. Ele deseja que seu Filho Servo seja bem sucedido e
que os dois voltem para ele são e salvos.
A expedição, então, viaja de vilarejo em vilarejo perguntando, “Você viu meu irmão perdido? O seu Pai me enviou à
sua procura”. Por vezes, alguém respondia, “Sim, ele passou por aqui há um ano. Acho que foi em direção ao sul quando foi
embora. A viagem continua, e acaba sendo mais longa que o esperado; logo as provisões não serão mais suficientes diante da
vastidão do deserto.
O Filho Servo escreve uma mensagem a seu Pai: “Pai, ainda estamos em busca do Pródigo. Recebemos algumas
informações, mas ainda não o encontramos. A provisão para os camelos e burros está acabando, e até mesmo para nós
mesmos. Você poderia enviar-nos mais suprimentos? Obrigado. Seu Filho Servo”.
O pedido é enviado através de um dos servos de volta à casa do Pai. Quando ele chega, encontra o Pai novamente na
varando olhando para as ruas em busca de toda a caravana com seu filho perdido. Ao ver o servo correndo, imagina se ele tem
boas notícias do Filho Servo.
Ao abrir a mensagem, lê o pedido do Filho Servo. Ele, então, chama seus servos e diz, “Meu Filho Servo pediu por
mais suprimentos. Mas não lhe darei apenas o que está listado aqui, darei muito mais. Ele não pediu o suficiente. Juntem mais
carros e comecem a carregá-los com provisões que excedem o que ele pediu. Também preparem mais camelos e burros; e
preparem-se para uma viagem longa. Meu Filho Servo precisa de ajuda, e tudo o que tenho é dele. Meu Filho Servo NUNCA
terá falta de nada”.
Querido leitor, essa é a verdadeira Prosperidade no Reino através de “relacionamento e comunhão”. O Filho Servo
agora está “buscando primeiro o Reino de Deus” ao entregar sua vida “à vontade do Pai”, procurando e salvando o perdido.
O mensageiro enviado com o pedido representa a oração que você faz, apresentando suas necessidades a Ele. O Pai jurou
prover cada uma das nossas necessidades em abundância se continuarmos a ser Seus Filhos Servos.
Esse relacionamento e comunhão elimina todas as fórmulas. Quero dizer o seguinte: Você pode imaginar, nos seus
sonhos mais impossíveis, que o Pai responderia ao Filho Servo dessa maneira? “Não, não lhe enviarei provisão, pois você não
me enviou uma oferta primeiro”.
Isso seria ridículo! O Pai não estava esperando uma oferta financeira do Filho Servo, pois ele já havia “semeado” o
que o Pai desejava. O Filho Servo estava semeando sua “vida” para fazer a vontade do Pai ao buscar e salvar o perdido.
A razão pela qual a Igreja cai em confusão é porque não entende que realmente somos filhos e filhas de nosso Pai; a
maioria não fixou seu coração em servir o Pai. Para outros, o necessário é simplesmente ser livre de todas as “fórmulas” que
aprenderam e acreditar nas palavras de Jesus Cristo:
Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar.
Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis, para que o vosso gozo se cumpra. (Jo 16:23,24)
Fé nessas palavras e uma decisão firme disponibilizam recursos ilimitados a todos os Filhos Servos, independente do
trabalho que devam cumprir na missão geral do Corpo de Cristo.
RESUMO
O que mudou a atitude do Filho Mais Velho, fazendo-o tornar-se o Filho Servo? COMUNHÃO COM O PAI! É isso
que traz mudança para todos nós. O novo nascimento nos dá um coração que tem capacidade de ter comunhão com o Pai
Celestial novamente. Quanto mais tempo passarmos com Ele, mais Seu amor pelas pessoas será “derramado em nossos
corações”. Esse amor finalmente nos levará a tomar nosso lugar no Corpo de Cristo, produzindo frutos para nosso Pai ao“buscarmos e salvarmos o perdido”.
Isso não significa que todos nós fomos chamados a sermos “evangelistas” no sentido literal da palavra. Mas, de certa
forma, fomos chamados para isso, sim. Paulo nos diz que o Corpo de Cristo é um corpo, formado de muitas partes:
Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só
corpo, assim é Cristo também. (1 Co 12:12)
Cristo não mudou. Ele ainda tem um negócio que se especializa em “buscar e salvar o perdido”. Essa é a missão do
Corpo, mas embora nem todos sejamos chamados para ser evangelistas na “linha de frente”, TODOS temos um lugar no
Corpo. Ninguém pode escolher seu chamado; Paulo nos diz que Deus nos coloca no Corpo de acordo com a Sua vontade:
Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis. E, se todos fossem um só
membro, onde estaria o corpo? Assim, pois, há muitos membros, mas um corpo. (1 Co 12:18-20)
O mais importante, então, ao “buscarmos primeiro o Reino de Deus” é que encontremos nossa função no Corpo,
começando a exercê-la. Talvez alguém diga, “Gary, seria uma maravilha fazer isso, mas o problema é que não sei qual a minha
função no Corpo, não sei qual é o meu chamado”.
Bem, já que é Deus que determina o seu chamado, não é óbvio que a melhor forma de descobri-lo seria passar tempo
com Ele? Foi isso que o Filho Mais Velho fez para se tornar um Filho Servo.
Encorajo você a passar mais tempo em comunhão com seu Pai Celestial. É claro que isso inclui as práticas da
adoração, oração, meditação na Palavra, etc. Mas estou falando sobre realmente passar um tempo para sentar e “conversar
com Ele”. Quem sabe você descubra que Ele está na varanda esperando para ver se você passará um tempo com Ele?
DEUS O ABENÇOE!
Gary e Sue Carpenter